China Afirma a Sua Posição

que trabalham no mesmo projeto. De acordo com Harold Trinkunas, autor de “ Renminbi Diplomacy? Os limites da influência da China na política interna da América Latina“, essas condições efetivamente modificam os regimes trabalhistas locais e de imigração, concedendo à China um papel particularmente privilegiado em comparação com outros investidores estrangeiros." 54 A exigência de “comprar da China” para projetos de grande escala também se aplica à seleção de fornecedores e empreiteiros desses projetos. Para a construção de ferrovias e usinas hidrelétricas, por exemplo, a Argentina garantiu US$7,5 bilhões em empréstimos. Mas o dinheiro estava condicionado à contratação de construtoras e fornecedores chineses. 55 Quando os projetos de grande escala são obrigados a usar tanto a mão de obra quanto o equipamento chinês, o ganho líquido para a Argentina - neste caso e para outras nações da ALC - é insuficiente e diminui a soberania econômica. No entanto, Trinkunas aponta, “é difícil entender por que um líder latino-americano aceitaria tal acordo, a menos que a alternativa fosse ainda mais custosa.” 56 Para evitar esses conflitos, muitos países da ALC têm criado respostas políticas inovadoras. Por exemplo, em 2008 e 2010, o Equador promulgou uma extensa série de salvaguardas trabalhistas para o setor petroleiro do país. Em 2008, as autoridades

garantia, o que pode levar os investidores privados a subestimar o risco de incumprimento de seus créditos. E aqueles que tentam prever a atividade econômica global não tem consciência do movimento a montante e a jusante dos empréstimos chineses, que afeta a demanda agregada global. Questões trabalhistas: trabalhadores da ALC exigem salários iguais Ao analisar a literatura sobre o papel da China na América Latina, os especialistas concordam que a influência do país permanece "mais evidente nas decisões sobre a contratação de mão de obra, materiais e seleção de empreiteiros." 52 Esses efeitos foram especialmente evidentes em países como Argentina, Equador, Guiana, Suriname e Venezuela, para onde os chineses direcionaram consideráveis valores em financiamentos e investimentos. 53 Grandes projetos administrados por chineses na ALC geram duas fontes importantes de conflitos trabalhistas. A primeira é o uso de trabalhadores estrangeiros em vez de trabalhadores de origem local. Isso gerou a oposição dos sindicatos, da sociedade civil e dos partidos políticos da oposição. A segunda fonte envolve as diferenças nas condições de trabalho entre contratados diretos e empregados terceirizados

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