China Afirma a Sua Posição

objeções dos partidos da oposição, da sociedade civil e dos povos indígenas nativos. Ao mesmo tempo, a natureza de algumas dessas interações entre os governos provoca resistência do setor privado. Diante dessa oposição, alguns projetos nunca chegam a ser concluídos. Por exemplo, em 2013, o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, anunciou a construção de um canal interoceânico no valor de US$40 bilhões, financiado por uma empresa chinesa. 66 No entanto, pouquíssimas ações concretas foram tomadas, exceto os 87 protestos ambientais contra projeto. 67 Hoje, o plano do canal é visto como abandonado e referido como um "projeto zumbi". Além disso, mesmo que os projetos sejam bem elaborados e bem promovidos, às vezes são interrompidos por protestos organizados pelas comunidades locais. Por exemplo, em 2019, aldeões peruanos de Fuerabamba cortaram o acesso à mina Las Bambas da mineradora chinesa MMG, interrompendo suas exportações. Porquê? Por causa da tendência da empresa de recuar nas promessas de compensação aos trabalhadores. 68 As operações do maior projeto petrolífero da China no Equador, o Projeto Andes de US$1,47 bilhões, estão totalmente localizadas na Amazônia, principalmente na Bacia Oriental e no Parque Nacional Yasuni. O projeto gerou oposição feroz das comunidades indígenas vizinhas. 69 Para garantir o sucesso de suas

Com a produção de petróleo da Venezuela em constante declínio no meio de uma crise econômica geral, este caso elucida o alcance limitado da influência chinesa, mesmo em um dos países-alvo mais vulneráveis. Desde a ascensão de Maduro em 2013 que o governo chinês deixou de oferecer linhas de crédito adicionais à Venezuela, apenas renovou algumas pré-existentes. 63 A corrupção, a má gestão e as crises econômicas endêmicas ao mandato de Maduro limitaram os retornos sobre os investimentos chineses e geraram incerteza sobre a capacidade da Venezuela de pagar os empréstimos chineses. 64 Essas ramificações negativas levaram as autoridades e empresas chinesas a repensar os seus investimentos em países com indicadores fracos de governança. Em suas declarações oficiais, a China enfatiza que não deseja influenciar diretamente as políticas internas dos governos da América Latina e do Caribe. 65 No entanto, seria ingênuo não esperar pressão indireta ou “nos bastidores” sobre o ambiente político para proteger os interesses chineses. Embora, indubitavelmente a China influencie alguns aspectos da governança regional da ALC e ofereça vantagens a alguns atores domésticos, como aqueles com interesses minerários ou agrícolas, deve-se ter cuidado ao prever um “golpe” chinês na região. Os impactos sociais e ambientais dos investimentos e projetos de infraestrutura chineses atraíram fortes

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